Afinal, o que é nojento?


18 de dezembro de 2009


Certa feita, algo lá pelo o 4º e 5º sobrinho (já tenho oito...), ao perceber a cara de ânsia que eu fazia ao assistir a cena da troca de fraldas, minha mãe afirmou:

- Cocô de neném novinho não tem cheiro! É dourado e perfumado!

Ok...

Cá estou eu, meio segundo após abrir a fralda do Theo, inchada de tanta merda,pesando uns 5 quilos, embriagado pelo fedor da defecada que toma conta do quarto, lembrando essas “sábias” palavras de minha mãe....

Não tem cheiro? Caraca, ela deveria estar aqui pra sentir o fedorão da caca!

E mais: olho pra carinha dele, reclamo carinhosamente que a coisa tá feia lá nos países baixos e o safado solta um sonoro peido com direito a uma risadinha marota! Será que o pilantrinha mirim entende tudo e tá me sacaneando?

Aliás, nunca acreditaria se não visse, ouvisse e cheirasse com meus própros recursos: esse piá peida mais que um cavalo velho!! Pô, deixou o papai aqui no chinelo! Peidos sonoros, longos e repetidos!! Ah, e muito fedorentos! (não tem cheiro, mãe?)

Em situações drásticas a fralda acaba não vencendo os quilos de bosta e a coisa toda se espalha pelas pernas e pelas costas. Numas dessas ocasiões, creio que na primeira delas, fiquei tão orgulhoso do meu serviço após trocá-lo que saí distribuindo mensagens de texto a todos, narrando meu ato heróico. Entre respostas comovidas e enojadas, o Juarez, grande amigo, pai do André, previu:

“Logo você vai ter merda embaixo das unhas e não vai nem ligar”

Nojento?

Bem, o fato é que nesses dois meses mexendo em rebosteios do Theozinho, por diversas vezes, distraído com a limpeza das dobrinhas cagadas, percebi que meu dedo ou minha mão estavam com torrões “dourados e perfumados”, como diria minha mãe. Pura bosta.

Nojento?

Curioso... o fato é que, por mais fedorento e poderoso que seja a cagaria do Theo, não me dá nojo! Engraçado, não? Será o instinto paternal?

Deixo a resposta para os escatológicos freudianos de plantão.

Você que não tem filho deve estar com nojo, me achando um cara porcão. Mas então vou te contar o que, para mim, é a própria materialização da palavra "nojento": aquela cordinha de descarga de banheiro de posto, que um dia provavelmente foi nova e branquinha, mas agora, no momento em que você precisa puxá-la para dar adeus a seu amigo moreno, está completamente encardida.

Conclusão: muita gente meteu a mãozona suja na cordinha antes de você. Suja do que? Você sabe...

Tem coisa mais nojenta?

Família

15 de Dezembro de 2009

Estou há um dia em viagem de trabalho, pelo interior do Estado. À noite, voando na internet, entre outras coisas, descobri que existem várias definições para a palavra “família”:

Derivada do latim “famulus”, que significa “escravo doméstico”, o termo foi criado na Roma Antiga para designar um novo grupo social que surgiu entre as tribos latinas.

Já no direito romano clássico a família natural, baseada no casamento e no vínculo de sangue, cresceu de importância esta fámília é. A família natural é o agrupamento constituído apenas dos cônjuges e de seus filhos.

Finalmente, para a cultura ocidental, uma família é definida especificamente como um grupo de pessoas de mesmo sangue, ou unidas legalmente, como no casamento e a adoção.

Essas (entre outras, existem dezenas) definições são interessantes.

Mas em apenas um dia já percebi que é mais fácil entender o que é família se você ficar longe da mulher que escolheu para ser a base desse “agrupamento social” e da pessoinha “de mesmo sangue” oriunda dessa base.

Quando sentir que três dias de viagem pareceram três semanas, entenderá bem melhor o que é uma família....


Fábrica Fechada




25 de novembro de 2009


Passados cerca de um mês e meio depois do nascimento do Theodoro, comunicamos a todos que a fábrica está fechada, até segunda ordem.

No seu lugar foi aberto um parque de diversões...




E para todas as outras coisas...

12 de outubro de 2009


Balada de sexta-feira trocada por correria ao hospital?

A mulher de sua vida, sofrendo de dor, arrombada na sua frente por caras desconhecidos?

Noite de sexta para sábado: 0h de sono?

Dia de sábado: sorriso e disposição para família e amigos até 18h?

Noite de sábado para domingo, somando tudo: 3h de sono?

Dia de domigo: mais sorriso e mais disposição para mais família e mais amigos até 19h?

Noite de domingo para segunda: dormindo de olhos abertos?

E, quer saber mais??

TUDO ISSO NÃO TEVE PREÇO!


Theodoro, seja bem vindo ao mundo, guri! Você mal chegou, e já causou revolução.

Revolução no meu coração, na minha cabeça, no meu pensar!

Minha vida não é mais a mesma desde sexta-feira, dia 09 de outubro de 2009 às 22h35, momento em que te vi pela primeira vez e, cada minuto que olho pra você, meu coração torce de emoção e alegria dentro do peito!


"Chegou, e a casa encheu-se de fragrância.

Parece primavera.

Em ti, Deus, estão todas as nossas fontes.

Mandaste-nos um presente desejado e sonhado: uma criança chegou para o banquete da festa.

Seja bem-vinda!"


Nasceu o Theo!

28 de setembro de 2009

Finalmente, após longos 09 meses de espera, acabou a ansiedade: nasceu o Theodoro!



É essa notícia que eu espero lhe dar em breve, muito provavelmente ainda nessa semana... Então resolvi treinar um pouco! Depois, meu blog tava precisando de uma notícia bombástica para aumentar o número de visitas!

Agora faltam... 4 dias? 2 dias? Algumas horas?

Não sei, mas minha aposta é que esse guri virá no dia 1 de outubro, quinta-feira próxima!

E você? O que acha?



Normal é ser normal!



20 de setembro de 2009

Vocês sabem que a grande maioria dos nascimentos no Brasil são de cesariana, enquanto que nos Estados Unidos e Europa praticamente não se faz cesariana?

Não sei exatamente a razão dessa estatística, as explicações poderiam ser várias mas não vêm ao caso.

Esses dias estava a digníssima mãe do meu filho a conversar com uma amiga. Sua declaração de que o Theodoro viria ao mundo por meio de um parto normal gerou surpresa e revolta na menina que, abismada, perguntou:

- Credo! Mas por que você vai fazer parto normal?

A resposta? Ah, a resposta foi uma das respostas mais simples e mais inteligentes que ouvi na vida:

- Vou fazer parto normal porque, como o próprio nome diz, é normal!

Doida demais? Nada disso, ela é foda demais!

Discovery Channel apresenta: o ninho


8 de setembro de 2009

Apesar de seu jeitão desengoçado de ser, quando estão para ter filhote as patas são mães bastante zelosas.

Mesmo antes de dar à luz, se preocupam bastante com todos os mínimos detalhes capazes de garantir o conforto de seu filhote e, entre seus mimos zelosos, se destaca o ritual de preparo do ninho.

No programa de hoje, vamos acompanhar uma família de patos e o processo de construção do ninho de seu filhote, desde sua concepção até os detalhes finais.

Algumas famílias de patos possuem espaços limitados para o ninho do filhote e nos dão a oportunidade de observar mais uma característica fascinante desses bichos: a criatividade para se organizar dentro de um espaço limitado. Na família que hoje mostramos, tudo foi detalhadamente pensado e, acreditem se quiser: monitorado em um cronograma previamente definido.

Obviamente, todo esse zelo tem um preço: até o ninho não estar completo e caprichado para a chegada do filhote, mamãe pata fica nervosa e estressada.

Patos normais são seres atabalhoados e desajeitados, e os patos prestadores de serviço? Ainda piores!! Confusos, sem compromisso, não se importam com as aflições de nossa pobre mamãe pata: nada menos que 04 patos pintores de ninho deram os canos, fato que atrasou significamente o cronograma do ninho. Felizmente, o último pintor voltou atrás e se comprometeu a fazer o serviço... à noite!!

Nossa simpática mamãe pata foi obrigada a fazer as malas e migrar, durante uma semana, para o ninho de sua pata sogra!

Are, pata!

Ainda no ninho da sogra, quando viu a primeira foto do progresso da pintura do ninho, tirada por seu marido, a pata ficou atarantada:

- Não vai dar tempo!! – grasnou (para quem não sabe, os patos grasnam).

Oito dias mais tarde, quando finalmente puderam retornar ao lar, muito ainda tinha que ser feito: os patos dependiam da boa vontade de marceneiros, colocadores de piso, e outros... patifes.

- Ai, e agora? Ele vai nascer e o ninho ainda não estará pronto!! –gralhou (para quem não sabe, patas quando ficam bravas gralham!!)

Tadinha da mamãe: diante de todos percalços e imprevistos de última hora sua preocupação já atingia níveis patológicos (como vocês já devem ter percebido, o Discovery Channel também tem seus trocadilhos infâmes...).

Pata merda!

Alguns dias e algumas patadas mais tarde, e contando com o auxílio do papai da pata para ajustar detalhes finais, finalmente o ninho ficou praticamente pronto! Felizes com o resultado, papai pato e seu sogro celebraram o “fim das obras” tomando uma estranha espécie de infusão comemorativa, feita de lúpulo e cevada.



Como pudemos observar no programa de hoje, falta de espaço, não é sinônimo de falta de capricho e conforto! Embora não seja pato, mas outro bicho, o gaúcho já dizia: “é na lama que o cavalo bom se agranda, tche!”.

...

Assistindo a esse programa, comovido com a ansiedade da patinha, lembrei de um episódio de minha infância-adolescência:

7ª série, trabalho a ser apresentado na terceira aula, Eduardo, mais que grande amigo, um irmão (até hoje), nervoso, querendo estudar a apresentação que faríamos em um par de horas.

- Calma, Eduardo. Na hora sempre dá tudo certo. – Disse eu.

E deu.

E querem saber? Continua dando!

E, apesar de às vezes parecer que não, continuará dando, viu mamãe pata?

Faltam apenas 3 semanas!!!!



Loirinho de olho azul (e cabelo encaracolado...)




4 de setembro de 2009

Pois é. Segundo 62% dos queridos leitores que participaram da última enquete desse blog, essa será a aparência do Theodoro!

O resultado demorou um pouco para ser publicado, pois as urnas vindas de Nova Aripuanã se extraviaram e somente ontem foram encontradas às margens do Igarapé Ipacutinga, em posse de uma tribo Pataxó. Mas queremos agradecer a colaboração de todo Brasil, Ao todo tivemos 1.572.894 votos, apenas em sete dias!

O resultado foi apertado: 47% votaram na segunda opção, acham que ele vai ser moreno de olho azul!

Também tivemos 11% de votantes que acreditam que ele será “japônes”, votos esses de 02, ops... ou melhor, 173.018 fiosdaputa. Certamente dois, quero dizer, cento e setenta e três mil e dezoito amigos que eu já desconfio quem são...

Bem, o que importa é que, sendo lorinho ou morenão, o guri vai fazer uma verdadeira varredura, limpeza total, aniquilação na mulherada da cidade! (Theo mal é esse aí... Esse aí é Theo mal...).

E faltam só quatro semanas!!!!!!!

Seguuuuuuuuuuuuura peãooooo!!!



A pata



Dia 25 de agosto de 2009

8 meses de gravidez!! Falta pouco!! Nessa reta final a mamãe Tati está reclamando um pouco de dores e desconforto. Pudera... sua barriga está imensa mas o resto (graças ao Bom Pai), não mudou em absolutamente nada!

Lógico: com uns 9-10 quilos de excesso frontal, corpo de uma mulher magrinha e esbelta iria compensar de alguma forma, não é? E aí se explicam as dores musculares, o desconforto e o... andar de pata!! Sim, segundo as próprias palavras da mamãe, ela está andando como uma pata, devagar, com as pernas já meio afastadas, toda desajeitada.

E esse “andar” inspirou uma nova letra para uma velha canção infantil composta por Vinicius de Moraes, reintitulada de “A Pata”.


Lá vem a pata

PaTATI, pata acolá

Lá vem a pata

Para ver o que é que há


A mamãe Tatiana

Está bem tranquila

Mas surtou com a gripe

E bateu o martelo:

“Aqui da minha casa

Não saio, Marcelo!”


Mesmo criando nosso filho

Continua bem gata

Mas agora, coitada

Anda feito pata


Está engraçado

Eu vou lhes contar

Seu jeito de andar

É desengoçado


Mas a patatatinha

É a gestante mais bela

E em trinta dias

Não será só ela


É o Theodoro lindo

Que está pra chegar

E nossa família

Vai abençoar


Será que o Marcelo

Não vai apanhar?

Depois que essa letra

Ele publicar...


NEURA?


Dia 09 de agosto de 2009

Eu e minha grande boca. Destaquei em minhas últimas postagens a tranquilidade e ausência de neuras de minha esposa durante toda a sua gravidez, mas...

Nunca fale cedo demais.

Como diria Homer Simpson: “Esse não é o pior dia da sua vida! É o pior dia de sua vida, até agora”.

Esse dias, chegando em casa, fui dar um beijinho na Tati e ela deu dois passos para trás:

“Tire já essa roupa - calma, não é isso que vocês estão pensando - ponha lá fora e vá tomar um banho! Depois passe alcool gel nas mãos e no rosto e eu te beijo!”

Pois é! A neura da mamãe tem nome e sobrenome: gripe suína! Essa porcaria tinha que aparecer bem nesse momento?

Com as aulas suspensas por duas semanas, a mamãe não põe o nariz para fora de casa desde então. O medo é bastante justificável : dizem que as gestantes são muito mais suscetíveis às complicações do vírus! Muito bem, e eu? Eu tenho que trabalhar, né? Afinal, não posso ficar em casa recluso, pois (ainda) não tenho uma fortuna que me dê essa opção!

Na semana passada, a pedido de meu orientador do mestrado, iria proferir uma palestra em um seminário para cerca de 300 pessoas. A palestra era às 14h e exatamente às 11h do mesmo dia, quando estava reunido com meu sócio, recebi uma ligação da mamãe, desesperada, chorando, pedindo para eu não ir ao evento e não se expor ao risco.

“Tá louca? Dar o cano em um compromisso desses?” Pensei.

Desliguei o telefone sem saber ao certo o que fazer. Me senti, por alguns segundos, sem muita opção, entre a cruz e a espada.

Em poucos segundos, minha opinião foi da revolta total contra tamanha neurose à conformidade absoluta: diante da benção tão maravilhosa que recebemos em trazer uma criança ao mundo e faltando tão pouco para esse momento eu realmente deveria pensar primeiro na minha família! O resto teria que esperar!

Ok, talvez isso seja over-reaction, mas tudo bem! É válido, nem que seja apenas para deixar a mamãe tranquila e despreocupada!

Felizmente estou cercado de grandes pessoas que me ajudaram a sair desse pacau. Primeiro, meu sócio, que, diante da situação, prontamente se ofereceu para fazer a palestra em meu lugar. E foi. Segundo, meu orientador, que, ao contrário do que muitos poderiam imaginar, me deu total apoio:

- Marcelo, você está coberto de razão! Nesse momento deve pensar em seu filho, sua mulher e sua família! O resto é secundário!

Além dessa palestra, desmarquei também nessa semana uma reunião externa e uma aula que iria ministrar.

Tudo por conta dela. Ou melhor, dela e dele. Ou ainda melhor: de nós.

A partir de agora, até o fim dessa onda de notícias virulentas vou adotar um procedimento-padrão: pautarei meus compromissos pelo custo-benefício! “Quanto posso ganhar com isso?" “A quantas pessoas estarei exposto?” “Vale o risco?”.

Pode parecer radicalismo, mas não é! Me desculpem aqueles que não entenderem, mas uma mamãe despreocupada, feliz e sadia até o finzinho da gravidez não tem preço!

E para todas as outras coisas...

“A BABY IS GOD’S OPINION THAT THE WORLD SHOULD GO ON” (Carl Sandburg)


HOMEM NÃO CHORA!!! OU CHORA?



Dia 27 de julho de 2009

Vocês podem imaginar a cena de um marmanjo barbado, em uma recepção de hotel no oeste da Bahia, lendo seus emails e chorando feito criança?

Pois é, normalmente teria vergonha em admitir, mas, em se tratando dessa coisa maravilhosa chamada Theodoro, que tem dado todo o sentido à minha vida nos últimos meses, eu confesso: esse marmanjo era eu!

Tudo porque as idas e vindas da vida profissional me levaram a longe de Curitiba e, infelizmente, perder a mais recente ecografia do Theo. Sinceramente? Não estava tão preocupado, afinal, todos dizem que as últimas ecografias não são tão bacanas como as primeiras.

Ledo engano...

Enquanto em Curitiba chovia canivete e fazia um frio de lascar, eu, a 4.000 km de distância e uns 35 graus de diferença descobria que estava errado, lendo o e-mail de meu filho, psicografado pela mamãe!

Portanto, vou reproduzir a seguir alguns trechos do email que o guri me mandou, em minha defesa: quero ver se depois de ler essas palavras algum de vocês é capaz de continuar afirmando que meu choro foi mariquice!! Tá bom, não precisava ter sido em público! Mas eu não tenho culpa que o maldito hotel só tinha wireless na recepção!

"Oi, papai

Como hoje você não foi junto com a mamãe me ver, vou escrever este email especial, só pra você, tá? Pra dizer que senti sua falta. Mas não hoje, durante o exame, porque eu sei que você só não estava junto com a mamãe porque realmente não podia, porque estava trabalhando bem longe, pra ganhar bastante dinheiro pra comprar coisas bonitas pra mim. Eu sei disso, a mamãe me contou. Obrigado por isso, papai.

Na verdade, eu senti mesmo a sua falta foi na cama, antes de dormir, quando você coloca a sua mão meio gelada na barriga da mamãe, porque aí eu sinto que você está perto e fico feliz.

(...)

Agora aqui em casa tá o maior silêncio. Se não fosse o som da TV e as coisas bonitas que a mamãe fala pra mim, eu começaria a achar tudo estranho.... (...) não tem a sua voz que faz o coração da mamãe pular e me faz ficar MUITO feliz quando isso acontece. Por que será que acontece isso, hein, papai? Eu estou começando a achar que você é feito de chocolate! Porque quando a mamãe come chocolate ela também fica feliz e eu começo a pular dentro dela. E acontece a mesma coisa quando você está por perto...!

E acho que de tanto chocolate, fiquei gordinho, hehehe. Você viu como estou grandão? 38 cm e 1,400 kg!


Hoje eu me exibi bastante pra mamãe enquanto o médico me mostrava pra ela. Agora ela ficou bem curiosa pra saber se meu cabelo é loirinho igual o dela ou escurinho igual o seu.

Você já parou pra pensar que só faltam 2 meses pra gente se conhecer, papai? E que quando isso acontecer a sua vida nunca mais será a mesma, e que nós vamos ficar conectados PRO RESTO DA VIDA???

Quem diria, né? Eu sou um pedacinho de você...! E sou formado de AMOR!

Obrigado por ter me deixado existir!

EU TE AMO, PAPAI!

Beijos do seu Theodoro."


E aí? Dá pra aguentar?? Toda vez que leio isso eu tremo inteiro!

Estou realmente muito feliz em saber que o desenvolvimento de meu filho é o melhor possível, que a mamãe está super tranquila e (quase) sem neuras e que, em cerca de dois meses eu vou poder segurá-lo no colo, dar um beijo no seu rostinho e falar: eu também te amo, Theozinho!

Esses dias, em uma festa, um amigo nosso chamado Pedro, arquiteto português muito simpático e gente boa, me falou (tentem ler com sotaque lusitano, pra melhor imaginar a cena):

- Marcelo, você não podes sentir de fato seu filho, você ainda desconfias e não sabes que ele é real, pois esse, por hora, é um privilégio da mamãe! Mas... (mashhhh...) quando você puder pegá-lo no colo e vê-lo crescer e interagir contigo, aí tu vais ver como é bom ser pai!

Ah, Pedro... Você não sabe o quanto estou esperando para que isso aconteça!

Enquanto isso, deixarei as lágrimas correrem, pois... homem não chora? O cacete!!

Só não precisa ser na recepção de um hotel no oeste da Bahia....


VERSO E PROSA

Dia 06 de julho de 2009

Amigos, família e povo interessado

Por favor, não me chamem de relaxado

Lhes digo que não fiz por mal

Pois o maior interessado sou eu, afinal

Aquele que ainda não sabe sobre o que estou falando

Perceba que meu blog está há dias mofando


Assim, nesse momento, uma nova atualização

Merece verso, prosa e toda dedicação

Para redimir minha longa ausência

E narrar as últimas novas com eloquência

Tentarei uma forma inédita e ousada

Em que a minha palavra será toda ritmada


Meus amigos, o que tenho pra falar pra vocês

É que novidade melhor não imagino

Na ecografia, o embriãozinho de outra vez

Já é agora um baita e lindo menino

Perfeito, saudável e bem formado

Theodoro, você não faz idéia de quanto já é amado


Em nossa última viagem sem chupeta, fralda e cueiro

Theozinho se mostrou um baita artilheiro

No avião, pela primeira vez seu chutinho pude sentir

E tal emoção, em palavras ainda não consegui traduzir

40 graus, mar e sol e o futebol continuou igual

Theodoro curtiu bastante o litoral!


Theozinho: quatro malas de presentes pra você!

Será que o titio da alfandega não vai me f...?

Podia ficar com dó do papai, de carteira vazia

Sem problemas: a viagem pra mim foi só alegria

Pois um piá loirinho, gorducho e dando risada

Paga cheque, juro, gastrite e conta estourada


Nesse momento uma observação se faz urgente

Como se já não fosse tudo delicioso e comovente

A mamãe grávida merece todo o meu elogio

Pois essa loira, a cada dia me causa mais arrepio

Já era linda, elegante e agora: iluminada

Pois carrega em si uma criaturinha pra lá de abençoada


Nas últimas semanas, continua tudo bem

Reformas e compras para o quarto do neném

A minha carteira está ainda mais vazia

E minha gastrite, maltrata e dá azia

Apesar de tudo, continuo feliz e contente

Pois lembro que em três meses vou conhecê-lo pessoalmente


A mamãe é alegria a toda hora!

(quase) não tem neurose, pira ou chora

Já o ataque de gases veio fedido

Mas errou o alvo e só deu no marido

Fim de semana, dormir pra valer

Pois depois de outubro, eu só quero ver...


Pelo que tudo indica, muita coisa vai mudar

Novos programas, horários, teremos que nos adaptar

Inevitável é a dúvida e o receio

Não me entendam mal, isso não é feio

Me parece normal temermos o que não temos ciência

E para isso, é melhor ouvir a voz da experiência


Disse esse dias meu grande amigo Juarez

Explicando o que ocorrerá quando eu ver meu piá pela primeira vez

O medo instantaneamente irá se acabar

Pois pra sempre minha vida vai mudar

Problemas, dinheiro, tudo será pequenino

Pois valerá menos que o simples sorriso de meu menino

O PEQUENO ESPIÃO!




Dia 26 de maio de 2009

Para minha imensa alegria o Theodoro está crescendo com muita saúde, dentro das mais normais perspectivas. A mamãe também está feliz, linda e cheia de saúde, ostentando uma respeitosa barriga.

Nesses dias, o guri completou suas 21 semanas!

Se minha vida se resumisse a esperar o Théo nascer eu seria o cara mais feliz do mundo! Mas, nem tudo na vida são flores...

- Puta que o pariu! Hoje foi foda, deu tudo errado no trabalho, esse trânsito tá uma merda e eu tô com uma dor de cabeça do caralho! – reclamei para minha esposa, chegando em casa, após um “agradável” dia da minha vida.


- Cuidado com o que fala – respondeu a mamãe – o Théo está ouvindo tudo.

É verdade. Segundo meu “professor” de Shantala, a partir das 21 semanas de gestação, o bebê começa a ouvir os sons exteriores.

Nossa! 21 semanas! A partir de agora, tudo que falo ou qualquer som que emito estará sendo ouvido pelo Théo (às vezes imito uns sons que, segundo a Tati, são mau exemplo para o Theo, mas só às vezes...)!

Puxa, ele já me escuta! Então não devo perder tempo, preciso bater um papo sério com esse piá sobre futebol, birita, mulherada... Enfim, uma conversa adulta entre homens!

Mas, infelizmente, mamãe explicou e cortou o barato:

- Os bebês escutam tudo distorcido, como estivessem embaixo d’água.

Ah! Que pena! Mesmo que eu fale bem alto, pertinho do microfone (...) ele não vai entender.

- Mas ele reconhece a voz do papai e da mamãe depois que nasce – completou a mamãe.

Ótimo, pois se fosse pra reconhecer só pelo “sons”, eu acabaria sendo confundido com algum outro objeto pelo meu próprio filho...



VOCÊ CONHECE A DONA SHANTALA?



Dia 17 de maio de 2009

Não, errou, Shantala não é personagem da novela das oito.

Shantala é o nome de uma mulher indiana que foi “descoberta” por um médico francês, massageando seu filho de colo nas palpérrimas ruas da Índia, nos anos 70 do século passado...

Tá. E daí?

E daí que há alguns meses minha mulher me comunicou:

- Vamos fazer um curso de Shantala.

“Hã?” – pensei –“deve ser outra modinha dessa novela que ela assiste toda noite”.

Após saber que se tratava de um curso de massagem indiana de um fim de semana (para o casal), minha revolta foi total! Massagem? Indiana? Justo eu que odeio ioguices, mantras, chakras e coisas do gênero? Justo que eu não acredito em nada que não possa ser explicado por uma fórmula matemática? Minha revolta quintuplicou depois que soube do preço... Centenas de reais! Poderia elencar umas 500 maneiras mais interessantes de gastar meu dinheiro do que fazendo aquele curso!

Como resultado da revolta consegui negociar uma redução para um curso de 2 horas de duração, o qual eu faria sozinho em uma sexta-feira pela manhã. Sozinho? Eu e várias grávidas em uma sala tendo aula de massagem? Aiaiai...

Voltemos à Shantala e à India dos anos 70. Algo intrigava o tal médico francês: como que um lugar tão carente e miserável (algo me diz que a verdadeira Índia não é bem aquela da novela...) abrigava crianças tão alegres, robustas e bem desenvolvidas?

A explicação, descobriria ele mais tarde, veio de dias de observação do carinho entre Shantala e seu filho e da massagem que a indiana praticava diariamente no filho.

Minha revolta, descobriria eu mais tarde, foi em vão, pois percebi que estava diante de algo capaz de contribuir para o desenvolvimento de meu filho, de nossa relação e de fazer bem para minha cachola!

A tal massagem se tratava de um costume milenar regional, passado de geração para geração, que o médico francês batizou de... Shantala.

Agora cá estou eu, descalço e sentado em um carpete, com um bebê de plástico no colo, ouvindo e executando em meu filho artificial as orientações do professor de Shantala. E, ao contrário do que se poderia esperar... Achei fantástico!

Não tem nada de místico, extracorpóreo ou transcendental (se tivesse eu não estaria enchendo meu blog com tais bobagens...), é algo físico e, acima de tudo, emocional!

É um momento único diário para você esvaziar a cabeça, esquecer as preocupações e aporrinhações do dia-a-dia e dedicar alguns minutos de sua vida exclusivamente ao filho!

E isso pode se tornar ainda mais relevante no caso dos pais: segundo uns textos que andei lendo, os homens são condicionados pela sociedade a reprimir desde a infância seu lado materno. Porém, podemos descobrir que somos excelentes mães quando essa descoberta ocorre em uma relação segura que não suje nossa masculinidade.

Calma, cara, não precisa vestir peruca e lamentar o fato de não sair leite desses mamilos cabeludos! Eu disse que não vamos sujar nossa masculinidade! Sem viadagem!

Mordi minha língua, engoli as críticas e concluí que a Shantala é um excelente caminho para resgatarmos nosso instinto de “pães” e estabelecermos um vínculo sadio e profundo com nosso pequeno amigo!

Além do que, ao massagear e alongar os bracinhos, mãos, pernas, pés, abdomen e costas de nossos bebês, segundo os estudiosos, estaremos contribuindo para a regulação das funções fisiológicas digestivas e respiratórias, desenvolvimento da consciência do corpo, sono tranquilo (ele ainda não bebe vinho e precisa de algo pra amolecer) e ganho de peso!

Só não vá me inventar de botar pétalas de rosas e acender velas perfumadas ao redor de teu filho. Já disse, sem viadagens!

Saindo do curso no final da manhã resolvi voltar pra casa a pé e aproveitar o sol magnífico que esquentava o dia, até então, mais frio do ano: clima típico do inverno curitibano.

Havia sido uma semana pesada no trabalho, várias preocupações rondavam minha cabeça. Porém, as duas horas daquela manhã que dediquei exclusivamente a meu filho (mesmo antes dele existir) me deixaram alegre, animado e me fizeram esquecer, ou melhor, olhar de forma muito mais otimista os problemas da vida!

Mais uma vez percebi a benção que essa criança será em minha vida e que ao lhe fazer o bem estarei edificando o meu próprio bem-estar.

Obrigado, Théo!

Ah! E depois dessa manhã não posso deixar de agradecer à Índia e sua cultura milenar! Obrigado, Dona Shantala!

Algumas quadras mais pra frente uma vitrine colorida me chama a atenção, era uma loja de artigos indianos.

“Ah! Esse modismo das novelas...” – pensei.

Se bem que aquele sari azul turquesa ficaria um luxo em mim...

É O CARA


Dia 06 de maio de 2009

Há milhões de anos Deus criou a Terra e a ocupou com diferentes espécies da fauna e da flora, algumas bonitas, outras nem tanto, algumas saborosas, outras não.

Quando Ele se ocupou do departamento de frutos do mar, obviamente já sabia o quanto esses caras seriam apreciados por toda humanidade quando postos à mesa (cozidos, fritos ou até mesmo crus, como bem trataremos adiante...).

Em um momento especialíssimo de inspiração, Deus criou um peixe de rio de carne tenra, suave, macia e saborosa e de uma aparência fantástica: cor laranja intensa e veios que lembram um corte transversal de madeira, formando um desenho quase tão maravilhoso quanto seu gosto. Contam os relatos da época (...) que após ter criado esse peixe, Ele apontou seu indicador para o bicho e bradou:

- Você é o cara!

Muitos e muitos anos mais tarde, o homem batizou essa bendita criatura de salmão e até hoje ela faz a minha (e de tantas outras pessoas) alegria no prato.

A estória é linda, mas não acabou: faz tempo que não me metia na cozinha e hoje acordei decidido a meter a mão na massa! Na hora do almoço, perguntei à mamãe linda:

- O que você quer comer hoje à noite? Vou cozinhar!

A resposta foi imediata: “Salmão”.

E eu sei que ela não estava falando de um salmão bem passado, seco e esturricado.

Acho um pecado assar o bicho desse jeito. Afinal, certamente se Deus criou um peixe tão lindo, respeitemos sua escolha e comamos o bicho de modo a preservar (até o último momento possível) suas qualidades visuais!

Já havia feito esse salmão em outras ocasiões, e ele é o “carro chefe” da cozinha para a mamãe grávida! Obviamente, se você não curte um salmão cru, nem pense em se aventurar com essa receita, pois ele ficará muito perto disso! Respeitando direitos autorais, minha receita se baseia em uma receita de um tal Claude Troigros, porém, com algumas adaptações tupiniquins, modéstia à parte, pra lá de interessantes!

Saí do trabalho mais cedo, por volta das 16h30, sem a menor vontade de usar a cachola para outra coisa além de preparar a janta. Minha odisséia começou na peixaria, comprando cerca de 600 g de salmão, sem a pele inferior, cortado em filés de cerca de 10 cm de largura.

Depois da peixaria, o supermercado para os demais ingredientes do peixe e a salada (que também é muito boa, como vocês poderão concluir). Dessa vez, resolvi registrar minha receita em fotos, espero que fique mais saborosa!

A grande graça desse peixe é o acompanhamento: cebolas bêbadas. Sim, isso mesmo, bêbadas! Usei 04 (ou cinco?) cebolas roxas (roxa fica bem mais bonito, mas pode ser da normal), cortadas finamente. Mas é fino mesmo, porra! O mais fino que você possa cortar, como pode ver na foto!

Ponhas as cebolas finamente cortadas em uma panela com um pouco de azeite e ligue o fogo. Cubra as cebolas com Dry Martini e complete com vinho branco (são cebolas bêbadas, lembra?) até estarem completamente cobertas. Reduza a bebida até a cebola “voltar a fritar”.

Enquanto isso, tempere os filés de salmão com um pouco de sal, pimenta do reino e limão. Ponha uma frigideira (de preferência de grelhar, como essa minha da foto) no fogo alto, com um pouquinho de óleo para untar, por uns 5 a 10 minutos, até soltar muita fumaça, ou seja, até ficar bem quente!

Finalize as cebolas: depois de voltarem a fritar, coloque um pouco de shoyu (uns 100 ml), mexa, reduza e reserve.

Grelhe os filés por cerca de 20 segundos de cada lado, de modo que o exterior fique marcado, mas internamente o bicho permaneça cru como um sashimi! Cuidado, se você REALMENTE gosta de salmão cru, não se distraia nessa hora, pois poucos segundos podem secar o peixe e estragar todo nosso trabalho!

Retire os filés do salmão diretamente no prato e os sirva com a cebola, com o lay-out que mais lhe agradar. Olha aí a cara MARAVILHOSA dele depois de pronto!

E eu vou te dizer uma coisa: quando você comer esse salmão cortadinho com a cebola bêbada, levantará as mãos aos céus e agradecerá pela criação desse bicho fantástico! Você pode usar também um pouco de shoyu à mesa, como em um restaurante japonês, para por no peixe, fica ótimo!

Opa! E a salada? Se o peixe é inspirado na receita de um francês, a salada é sugestão de um inglês: J. Oliver (adaptada por esse brasileiro que vos escreve...). Então... (para duas pessaoas): 04 batatas sem casca, um abacate, meia cebola roxa, agrião, limão, sal, pimenta e azeite.

Descasque o abacate e o corte em pequenos pedaços. Dica: nem sempre isso é muito fácil, mas tente achar um abacate nem muito verde nem muito maduro, para que sua textura seja similar à batata.

Em uma tigela, misture com as batatas cortadas no mesmo formato (esse que é o bacana, cortar ambos no mesmo formato para que eles “se confundam” no prato), uma dose generosa de azeite (minha mão é pesada para o azeite), a meia cebola cortada muito, mas muito mais fino do que você cortou para o salmão, uns dois limões, sal e pimenta.

Por fim, adicione o agrião e misture. Eu tento caprichar no visu: comprei um agrião hidropônico e selecionei cuidadosamente as hastes mais delicadas e miudinhas, deixei aquelas mais perfeitas para a finalização, em cima, veja aí:











Resultado: Mamãe pra lá de satisfeita e feliz com a jantinha! Mas essa janta não é só pra ela... Theozinho: viu como é bom um salmãozinho bem cru?

Ah! Nem pense em tomar Coca-Cola ou Mirinda laranja com esse prato! Valorize-o com um belo vinho branco ou, como eu, um vinho rosé bem gelado!


Bom apetite!