É O CARA


Dia 06 de maio de 2009

Há milhões de anos Deus criou a Terra e a ocupou com diferentes espécies da fauna e da flora, algumas bonitas, outras nem tanto, algumas saborosas, outras não.

Quando Ele se ocupou do departamento de frutos do mar, obviamente já sabia o quanto esses caras seriam apreciados por toda humanidade quando postos à mesa (cozidos, fritos ou até mesmo crus, como bem trataremos adiante...).

Em um momento especialíssimo de inspiração, Deus criou um peixe de rio de carne tenra, suave, macia e saborosa e de uma aparência fantástica: cor laranja intensa e veios que lembram um corte transversal de madeira, formando um desenho quase tão maravilhoso quanto seu gosto. Contam os relatos da época (...) que após ter criado esse peixe, Ele apontou seu indicador para o bicho e bradou:

- Você é o cara!

Muitos e muitos anos mais tarde, o homem batizou essa bendita criatura de salmão e até hoje ela faz a minha (e de tantas outras pessoas) alegria no prato.

A estória é linda, mas não acabou: faz tempo que não me metia na cozinha e hoje acordei decidido a meter a mão na massa! Na hora do almoço, perguntei à mamãe linda:

- O que você quer comer hoje à noite? Vou cozinhar!

A resposta foi imediata: “Salmão”.

E eu sei que ela não estava falando de um salmão bem passado, seco e esturricado.

Acho um pecado assar o bicho desse jeito. Afinal, certamente se Deus criou um peixe tão lindo, respeitemos sua escolha e comamos o bicho de modo a preservar (até o último momento possível) suas qualidades visuais!

Já havia feito esse salmão em outras ocasiões, e ele é o “carro chefe” da cozinha para a mamãe grávida! Obviamente, se você não curte um salmão cru, nem pense em se aventurar com essa receita, pois ele ficará muito perto disso! Respeitando direitos autorais, minha receita se baseia em uma receita de um tal Claude Troigros, porém, com algumas adaptações tupiniquins, modéstia à parte, pra lá de interessantes!

Saí do trabalho mais cedo, por volta das 16h30, sem a menor vontade de usar a cachola para outra coisa além de preparar a janta. Minha odisséia começou na peixaria, comprando cerca de 600 g de salmão, sem a pele inferior, cortado em filés de cerca de 10 cm de largura.

Depois da peixaria, o supermercado para os demais ingredientes do peixe e a salada (que também é muito boa, como vocês poderão concluir). Dessa vez, resolvi registrar minha receita em fotos, espero que fique mais saborosa!

A grande graça desse peixe é o acompanhamento: cebolas bêbadas. Sim, isso mesmo, bêbadas! Usei 04 (ou cinco?) cebolas roxas (roxa fica bem mais bonito, mas pode ser da normal), cortadas finamente. Mas é fino mesmo, porra! O mais fino que você possa cortar, como pode ver na foto!

Ponhas as cebolas finamente cortadas em uma panela com um pouco de azeite e ligue o fogo. Cubra as cebolas com Dry Martini e complete com vinho branco (são cebolas bêbadas, lembra?) até estarem completamente cobertas. Reduza a bebida até a cebola “voltar a fritar”.

Enquanto isso, tempere os filés de salmão com um pouco de sal, pimenta do reino e limão. Ponha uma frigideira (de preferência de grelhar, como essa minha da foto) no fogo alto, com um pouquinho de óleo para untar, por uns 5 a 10 minutos, até soltar muita fumaça, ou seja, até ficar bem quente!

Finalize as cebolas: depois de voltarem a fritar, coloque um pouco de shoyu (uns 100 ml), mexa, reduza e reserve.

Grelhe os filés por cerca de 20 segundos de cada lado, de modo que o exterior fique marcado, mas internamente o bicho permaneça cru como um sashimi! Cuidado, se você REALMENTE gosta de salmão cru, não se distraia nessa hora, pois poucos segundos podem secar o peixe e estragar todo nosso trabalho!

Retire os filés do salmão diretamente no prato e os sirva com a cebola, com o lay-out que mais lhe agradar. Olha aí a cara MARAVILHOSA dele depois de pronto!

E eu vou te dizer uma coisa: quando você comer esse salmão cortadinho com a cebola bêbada, levantará as mãos aos céus e agradecerá pela criação desse bicho fantástico! Você pode usar também um pouco de shoyu à mesa, como em um restaurante japonês, para por no peixe, fica ótimo!

Opa! E a salada? Se o peixe é inspirado na receita de um francês, a salada é sugestão de um inglês: J. Oliver (adaptada por esse brasileiro que vos escreve...). Então... (para duas pessaoas): 04 batatas sem casca, um abacate, meia cebola roxa, agrião, limão, sal, pimenta e azeite.

Descasque o abacate e o corte em pequenos pedaços. Dica: nem sempre isso é muito fácil, mas tente achar um abacate nem muito verde nem muito maduro, para que sua textura seja similar à batata.

Em uma tigela, misture com as batatas cortadas no mesmo formato (esse que é o bacana, cortar ambos no mesmo formato para que eles “se confundam” no prato), uma dose generosa de azeite (minha mão é pesada para o azeite), a meia cebola cortada muito, mas muito mais fino do que você cortou para o salmão, uns dois limões, sal e pimenta.

Por fim, adicione o agrião e misture. Eu tento caprichar no visu: comprei um agrião hidropônico e selecionei cuidadosamente as hastes mais delicadas e miudinhas, deixei aquelas mais perfeitas para a finalização, em cima, veja aí:











Resultado: Mamãe pra lá de satisfeita e feliz com a jantinha! Mas essa janta não é só pra ela... Theozinho: viu como é bom um salmãozinho bem cru?

Ah! Nem pense em tomar Coca-Cola ou Mirinda laranja com esse prato! Valorize-o com um belo vinho branco ou, como eu, um vinho rosé bem gelado!


Bom apetite!



2 comentários:

  1. Hmmmmmm...

    Trilha sonora "educativa":
    http://www.youtube.com/watch?v=IVu2cX0jEYk

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  2. Hmmmmmmmmmmm mesmo, porque ficou DIVINO! Marcelo, se eu soubesse que, além de todas as suas qualidades, você tinha tantos dotes culinários, não tinha esperado um ano pra te dar bola, huahuahua! Mas tudo bem, valeu a pena esperar.

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