CORRENDO E REFLETINDO


Dia 27 de fevereiro de 2009

Não é à toa que quarta-feira de cinzas tem esse nome: fim de tarde escuro, garoa fina, cidade vazia, terrível...

Resolvi correr no parque. Sempre corri com freqüência mas, desde uma cirurgia no pé, realizada há dois anos, não voltei ao ritmo que gostaria.

O parque estava praticamente vazio.

Comecei a correr e eu corro pensando e pensando muito. Talvez por isso goste tanto desse esporte. Sou da opinião do Nuno Cobra, que considera esse um momento de introspecção, feito para limpar corpo e mente. Um sacrilégio estragá-lo com um MP3 player ou coisa parecida.

7 minutos de corrida: desde que casei tenho um objetivo que determina meu planejamento pessoal e profissional: ter qualidade de vida juntamente com minha esposa. Tudo que fiz nesse tempo foi pensando em nosso bem estar, ponderando qual era a melhor opção para nos trazer mais conforto, para nos deixar felizes. Mesmo em um momento de crise mundial, larguei a estabilidade de um bom emprego de 8 anos para abrir um negócio que me levará a atingir com sucesso esse objetivo.

28 minutos de corrida: e agora? Desde que descobrimos que estamos grávidos, penso muito sobre o que irá mudar em minha vida. Os milhões que ganho (!), não servirão mais em prol de meu objetivo? Em breve terei uma criaturinha que dependerá financeiramente de mim por muitos anos... Isso muda tudo? Terei de mudar meus planos?

39 minutos de corrida: não. Meus planos não mudaram e não mudarão nem uma vírgula. Na verdade percebo que, desde a gravidez de minha esposa, meus objetivos começam a ser atingidos pois esse filho representa o início da qualidade de vida que tanto busco. Esse neném representa que estamos amadurecendo como casal, família, companheiros e estamos prontos para o “next step”. Dizem que casais em desentendimento que resolvem ter filho para salvar sua relação estragam tudo de vez. Eu digo que a recíproca é verdadeira: um casal em harmonia se tornará muito mais forte graças à benção de seu filho!

47 minutos de corrida: nossa, estou me sentindo magnificamente bem, como não me sentia desde a época que treinava continuadamente, antes da cirurgia! Por que será? Profissionalmente, estou me sentindo “abençoado”, com um certo “midas touch”, tenho a absoluta convicção que meu negócio vai explodir a partir de então! Porque será? A Tati está feliz, rindo à toa e se alimentando bem como nunca! Porque será?

1h hora de corrida: melhor parar, alongar e ir pra casa, pois está escuro e o parque está deserto. Lembrei das palavras recentes de Dona Caetana, nossa empregada, que, do alto de sua simplicidade, solta pérolas fantásticas: “conheço casais que acertaram todo sua vida depois que encomendaram seu filho!”

Está aí a resposta. Estou realmente abençoado! Estou abençoado por uma pequena criatura que cresce, com saúde e amor, dentro do ventre de minha esposa e tenho a plena convicção de que ela veio para me ajudar em meu objetivo de vida!

Logo, nada mais justo que essa criança dependa de mim por um bom tempo, afinal, só vou retribuir tudo o que ela está fazendo por mim, ou melhor, por nós!

Mas... Será que a mamãe vai concordar em batizá-lo(a) de Fortunato Ou Jóia?

COMIDINHAS LEVES E REFRESCANTES

Dia 25 de fevereiro de 2009.

É carnaval! Dá-lhe festa, samba e bagunça...

Que nada, meu! Agora você é pai de família! Ou melhor, quase isso: marido de mulher grávida, o que significa que tua balada já é outra!

O primeiro desafio do marido de mulher grávida é arrumar coisas que ela queira comer sem fazer cara de que vai vomitar em seu colo...

Cuidado: perguntar “amor, o que você quer pro almoço” às 11h, é um perigo, é praticamente pedir pra levar um jato no peito... O mesmo em relação à janta, antes das 19h. O engraçado é que, de uma hora pra outra, vem um “vamos comer feijão!!”. Muito feijão.

Domingo de carnaval foi dureza. Ela não saiu da cama o dia todo, estava muito enjoada. Não consegui disfarçar meu tédio e aflição e a solução foi ir ao supermercado “passear” e fazer compras para a janta. Tenho ojeriza a supermercados enormes: cheios de gente, onde são necessários quilômetros e quilômetros de andança errante e fatigante para completar a listinha! Porém, existe um mercado pequeno, compacto, inteligente e muito bem organizado perto de nossa casa, "movido" a funcionários ágeis, inteligentes e muito bem educados, capaz de tornar o “fazer compras” muito prazeroso. Sempre acho tudo que quero, rapidamente, sem enrolação, o que me levou a apelidá-lo de “supermercado do homem” para o deleite da mamãe.

É óbvio que não pude definir o cardápio da janta antes das compras (“olha o jato!!”). Assim, procurei nos livros algumas receitas de saladas de verão, leves e refrescante, pois tinha certeza que algo do gênero a agradaria.

A sugestão de meu amigo Jamie Oliver caiu como uma luva: salada Thai crocante! Na mosca, é essa!

Não vou reproduzir a receita da salada inteira, tal qual fiz com o frango. Apenas a receita do molho Thai que é a grande estrela do prato, afinal, ele é tão bom que qualquer verdura “fresquinha” que você utilizar (pepino, rúcula, broto de feijão) vai ficar ótimo! Esse molho me levou a descobrir um ingrediente novo e exótico, presença certa em 9 dos 10 pratos de comida tailandesa/indiana que come-se por aí: óleo de gergelim (é claro que o comprei no “supermercado do homem”, afinal, lá tem tudo!). Vamos lá:
  • 4 Colheres de sopa de suco de limão;
  • 3 colheres de sopa de óleo de oliva;
  • 1 colher (sempre de sopa) de óleo de gergelim;
  • 1 colher de shoyu;
  • 1 pitada de açúcar mascavo;
  • 1 colher de gengibre fresco, descascado e picado bem fino (bem fino mesmo, quase moído!)
  • 1 pimenta (a receita fala em chilli, usei uma outra menos forte), sem sementes e picada bem fino (muito bem fino!);
  • 1 punhado de manjericão fresco, picado (obs: a receita original leva também coentro, mas não suporto esse troço, então limei!)

Após regar as verduras com o molho, salpique um bom punhado de castanhas de caju tostadas ou sementes de gergelim!

Não é que as comidinhas leves e refrescantes têm feito o gosto dela? Saladas de pepino, tomate, rúcula, cebolas em conserva, entre outros foram a tônica das refeições durante todo carnaval.

Se bem que hoje cedo, antes de sair de casa, ela pediu: “avisa a Caetana (cozinheira), que hoje eu quero almoçar feijão”.

Muito feijão.






MUITO PRAZER!


Dia 19 de Fevereiro de 2009

Primeira ecografia: finalmente vamos ver o jeitão de nosso filho, carinhosamente apelidado de “Bião” (de embrião...).

Engraçado, por mais que saibamos que ela está grávida, parece que precisávamos de uma evidência concreta, uma prova nos nove, de que esse negócio todo é mesmo pra valer! Afinal, é uma coisa muito louca, uma vida crescendo dentro de outra...

E não é que tivemos? Eis nosso (a) “filhão”, na telinha, com 1,2 cm de comprimento, e coração batendo 156 vezes por minuto!! (imaginem o tamanhico do coraçãozinho!!). Tudo dentro da maior normalidade!



Foi uma grande emoção! A mamãe não conteve as lágrimas e mal conseguiu conversar com o médico, durante o exame! Confesso que tive que fazer força para não fazer o mesmo, pois afinal, estava vendo – com esses olhos que a terra irá comer – meu filho (a) pela primeira vez e poucas coisas no mundo devem ser mais fantásticas que isso!

Ficamos muito felizes e emocionados em lhe conhecer “pessoalmente”, Bião!

Papai te ama! Até o próximo exame!!

ROLOU UM FRANGO ASSADO!

Dia 13 de Fevereiro de 2009

Sexta-feira (13!)! Noite ótima para ficar em casa com a mulher, cozinhando, tomando um vinho (ela toma um gole e eu o resto da garrafa, como sempre...), abraçados, clima bem romântico... Tudo propício para a reabertura do parque de diversões!

No fim da tarde, minha esposa me perguntou, com voz bem macia e romântica, falando baixinho e em ritmo lento:

- Sabe o que eu quero hoje à noite?

“Yes!! É hoje” pensei. Mas, lógico, me fiz de bobo:


- Não. O quê?

- Um frango assado!! Inteiro!! Daqueles bem douradinhos, de supermercado! – Disse a futura mamãe, com uma cara de quem não comia há 3 semanas.

Lembrei do amigo Laércio e sua célebre frase: “essa é de brochar até vibrador”.

Mas, como cozinhar é algo que adoro e sempre tive a vontade de preparar um frango assado, encarei o desejo da grávida como um desafio:

- Supermercado o escanbal! Eu mesmo vou fazer esse troço!

Mãos-à-obra!

A preparação do bicho foi inspirada em uma receita do Jamie Oliver, com alguns pitacos telefônicos (muito bons, por sinal) de minha mãe. Como a vida de um pai de 1ª viagem também passa e passará cada vez mais pela cozinha, reescrevo a receita adaptada, pois o frango ficou uma DELÍCIA!

Após lavar bem o bicho (obviamente já estava limpo e sem os miúdos, eca...), prepare um misto de ervas frescas, cortadas bem fino: manjerona, manjericão e orégano. Enquanto isso, aqueça o forno (250) com a forma dentro!

Separe delicadamente a pele do peito da carne ou faça dois sulcos com os dedos (parece difícil, né? Mas é mole, mole!) e enfie parte do misto de ervas nessa cavidade mais sal e pimenta do reino (veja a foto). Ah! Tenha o cuidado de cobrir novamente a carne com a pele, se não quiser que o peito fique muito seco! Faça uns belos talhos (3, 4...) nas coxas da penosa e enfie mais um punhado do misto de ervas lá dentro!



No orifício central do bicho, coloque um limão (sem pele) cercado por uma cebola cortada em 4 pedaços, mais o restante das ervas! Opa: usei também uns galhos inteiros de alecrim saindo pelo orifício, que deram um ótimo sabor e um visual bacana ao prato!

A parte mais divertida: amarre bem as coxas com um barbante, tentando fechar o melhor possível o orifício! Depois de pronto, dê uma bela besuntada com azeite de oliva e sal em todo o frangoso.

Tire a forma, ponha uma camada de azeite e deite o frango, com o peito virado pra baixo, por uns 10 a 15 minutos. Depois, retire do forno, vire com o peito pra cima, e asse por... Bem, o J. Oliver falava em uma hora de forno, mas deixei quase duas, pra ficar bem crocante e não correr o risco de não assar, afinal, frango cru é nojento!! Detalhe: cozinhei umas batatas (ao dente) enquanto preparava o frango e as assei, cortadas ao meio, na mesma forma, ao redor do bicho!

Resultado: a carne ficou deliciosa, úmida e perfumada pelas ervas, a batata uma delicia, assada na gordurinha do frango e azeite e até a cebola lá de dentro ficou fantástica!!

Ela adorou!!

Lema da casa: “MAMÃE, SEU DESEJO SATISFEITO OU SEU DINHEIRO DE VOLTA!!”

QUASE TUDO CERTO.




Dia 12 de fevereiro de 2009

Depois de nosso jantar de ontem, o restaurante japonês provavelmente fechará para repor o estoque de sashimi de salmão...

O desejo por carne branca (ou laranja, no caso) foi saciado. Mas... Nem tudo ainda foi saciado...

Ok, tudo a seu tempo.

FINALMENTE: AS RESPOSTAS!

Dia 11 de Fevereiro de 2009

Consulta ao obstetra, na ânsia de responder as dúvidas que listei no texto anterior (além de outras tantas, que surgiram nesse meio tempo) e aposentar o Dr. Google.
- E então? – perguntou o médico.
- Então que estou grávida! – respondeu minha esposa, sem papas na língua.
- Poxa, mas você me conta assim, sem preliminares?

Confesso que gostei do cara: frieza técnica profissional aliada à uma pitada de bom humor e simpatia, além de uma bela dose de bom senso.

Abrimos o baú:
- Pode comer sashimi? Perguntou ansiosamente a mamãe, que já estava a ponto de assaltar pet store para devorar peixinhos dourados.
- Isso é tão importante assim para você?
- É.
- Veja, se sashimi fizesse mal, o Japão não seria a segunda maior economia do mundo...

E assim seguiu, rebatendo nossas próximas dúvidas com o mesmo estilo de jogo:
- E o álcool?
- Álcool faz mal? O que seria da Alemanha, Itália e França sem o álcool?
- E o sexo? (detalhe: desde que soubemos da gravidez, há 12 dias, fechamos o parque de diversões...)
- Antes de setembro? Nem pensar... – para sua sorte, logo desfez a brincadeirinha estúpida antes que eu o acertasse com um soco: “pode, se ela já não tiver mais com cólicas”.

Pensei em pedir pra ele nos deixar a sós na sala por uns cinco minutos, mas, tudo bem, acho que agüento até mais tarde...

Resumindo nossa consulta: todas nossas dúvidas foram sanadas com o velho e bom caminho do meio, ponderação, bom senso ou como quiserem chamar! Ou seja, (quase) tudo é permitido, desde com moderação e equilíbrio!

Segundo o doutor, agora “mudamos de lado”, passando do grupo de casais “com problemas para engravidar” para o grupo dos “férteis”. Isso me deixou me sentindo maravilhosamente bem, pois confesso que o provável caminho que teríamos que trilhar (inseminação, etc...) não era assim de todo meu agrado! “Sou um baita reprodutor, praticamente um leão!”, pensei.

Ah! E um detalhe pra lá de interessante: a mulher permanece fértil apenas 12 horas por mês! Só 12!! Exatamente nessas 12 horas o espertozóide tem que chegar lá e “pimba!”. Errou? Só mês que vem, meu nego! Vejam que verdadeiro milagre! Bem, pensando em casais que engravidam sem querer, milagre não é a palavra certa, mas sim “uma imensa de uma cagada”. Mas em nosso caso, onde ambos éramos considerados (no passado, por favor) pouco-férteis, isso torna nossa gravidez muito especial!

Saímos do médico, felizes da vida, tranqüilos, todas as neuras dela foram minimizadas (ao menos temporariamente...)

E com programas para a noite. Sashimi, etc...

DÚVIDAS DA GRAVIDEZ

04 de Fevereiro

Essa semana o obstetra dela está viajando, logo, ela está consultando diariamente o médico substituto, Dr. Google, procurando resposta para uma série de questões, entre elas:

- Pode comer sashimi?

- Pode comer carne mal passada?

- Pode comer a esposa? (essa, formulada por mim, óbvio)

- Pode fazer exercício?

- Pode passar tinta no cabelo?

- Pode passar mal? E se não passar mal, quer dizer que está ainda pior?

- Gravidez dá gases? (no marido?)

- Gravidez dá fome (no marido?)

E, por incrível que pareça: QUANDO QUE ESSA MALDITA BARRIGA VAI COMEÇAR A CRESCER, PORRA??!!!!

OS VOVÓS

Ainda 30 de Janeiro...
Os vovós precisam saber da novidade, né?
Passamos nos meus pais: como já era 22h30, telefonei antes, minha mãe atendeu:
- Tão acordados? Estávamos jantando por perto e queremos passar para dar um beijo.
- Ai, meu Deus! É boa notícia! - respondeu minha mãe, já babando: a safada já tinha sacado tudo...
Uma taça de espumante para comemorar (duas, três... somadas às cervejas que havia tomado no bar...) e zarpamos para a casa dos pais dela onde chegamos com a mesma desculpinha esfarrapada: "estávamos jantando aqui por perto..."
Eles estavam com visitas, já de saída. Resolvemos esperar para contar.
Toca o telefone (à essa hora? já eram 23h30!), minha sogra atende: era minha mãe, feliz da vida, querendo dar os parabéns pela novidade que ainda nem tinha sido contada! Se não fosse um rápido golpe ninja de minha esposa arrancando o telefone (quase que a orelha foi junto) das mãos de sua mãe, sob os olhares de incompreensão de seu pai, a surpresa teria sido estragada...
Novidade contada, abraços, beijos e muita emoção.
Ah, e mais umas cervejinhas...

BETAGACEGÊ

Dia 30 de janeiro

Ansiedade?

Como já era de se esperar, o teste "Confirme" precisa de uma confirmação (afinal, é "só" 94% de chance... Se meu time tivesse 94% de chance de ser campeão eu ficaria nas nuvens). Logo, lá se foi ainda cedo minha querida esposa ao laboratório fazer um exame de nome peculiar, o tal "betagacegê".

Fala sério! Agora sim temos algo de nome confiável, hein? "betagacegê"!! Com um nome desses, só pode ser coisa séria!

Cheguei em casa por volta das 17 e descobri algo pior que a ansiedade causada pelos 94, ou melhor, 6% de chance de erro do "Confirme": minha esposa, olhos fixos no site do laboratório na tela do miclo, deseperada, apertando incansavelmente a tecla F5, a fim de que o resultado - esperado para a manhã do dia seguinte (sábado), estivesse disponível desde então!!

Como ambos não havíamos almoçado decentemente, resolvemos antecipar um happy-hour marcado com os amigos para as 19h, porém, mal deu tempo de molhar a garganta no bar antes de chegar um torpedo no celular de minha esposa: o laboratório avisava que o exame estava pronto e disponível em seu site!!

Pode isso? Para mim, torpedo sempre foi um meio de comunicação restrito à paquera, recadinhos românticos ou xingamentos entre amigos! Que tal:

"Pzada.Sra o exme rlzado está disp. na net. Flow!"

O "ansiedômetro" de minha mulher (que estava no máximo após o terror causado pelo "Confirma" e pelo "betagacegê") explodiu nesse momento! Saímos atirando para todos os lados, tentando acessar a internet pelo celular, do computador do bar e nada... até que peguei a moto e saí à cata de uma lan-house. A potencial mamãe ficou no bar esperando, tadinha! Fico imaginando o quanto deve ter sofrido...

Consegui acessar o exame no segundo micro que tentei na Lanhouse (lógico, né? Afinal, até agora quase não tivemos suspense e ansiedade...).

Confesso que, em minha ignorância médica, pensei que no resultado do exame encontraria estampado em letra garrafais: "GRÁVIDA" ou "NÃO GRÁVIDA". Fiquei um tanto atarantado em não achar nada disso no teste mas, respirando fundo, li: Resultado = 1.200 nãoseioque/ml

"Hummmm... What a fuck is this?" pensei.

Entendi ao ler a próxima linha: Valor de referência: > 25 nãoseioquê/ml: provável gravidez"

Caralho... minha mulher não estava grávida. Estava MUITO grávida!

Não contaremos para ninguém!

Sempre defendi com veemência o silêncio quanto ao resultado da gravidez:

- Não vamos contar nada para ninguém antes do terceiro mês - bradava para minha esposa.

Porém, mordi a língua e contrariei meus princípios muito antes disso, logo após imprimir o resultado do exame, ainda na lanhouse:

- Veja aqui o resultado desse exame! Vou ser pai! - disse ao rapaz que cuidava da casa.

- Só!! - respondeu ele.

De volta ao bar, minha esposa estava esperando, de pé na porta (abandonou a mesa com nosso "almoço" e tudo mais...). Confirmei com o teste na mão o que já havia contado por torpedo (ah, esses torpedos...) e o resultado foi um longo abraço emocionado:

- Vamos ter um bebê!

Mais tarde, amigos na mesa, assuntos diversos, polêmicos e interessantes em pauta! Porém, minha cabeça (e de minha mulher, tenho certeza) não estava ali... estávamos em outra dimensão, pensando na revelação de momentos anteriores e em tudo que estará por vir a partir de então!

O que aconteceu? É óbvio: não me aguentei e novamente quebrei meus próprios princípios de silêncio, desta vez para os dois casais de amigos que, sem saber, dividiam um momento muito especial de nossa vida.

Mais emoção, abraços, brindes e festa! Os demais assuntos foram esquecidos e nossa gravidez dominou a conversa até o fim da noite. Fiquei muito feliz em ver quão felizes ficaram meus amigos com a notícia!

- Que amigos maravilhosos nós temos - comentaria minha eposa mais tarde, no retorno pra casa.




O PRESENTE DE ANIVERSÁRIO!

Dia 29 de Janeiro de 2009, comemoração de meus 32 anos....

Os homens já estão calejados: teste gravidez de farmácia é mais uma invenção fantástica para laboratórios ganharem dinheiro com a constante neurose das mulheres, que a qualquer sintoma acham que estão grávidas.


Minha querida esposa, como não poderia deixar de ser diferente estava encanada há dias: menstruação atrasada, seios doloridos, mal-estar (ainda tem hífen essa palavra?), lá foi ela...

A nome da marca do teste de gravidez chega a ser óbvio: "Confirme". Existe uma série de nomes talvez mais apropriados para o teste, considerando que nem sempre o resultado positivo é bem vindo, como em nosso caso: "Phudeu"; "E agora, José"; Putaqueopariu", entre outros.

Mas... Não é que exatamente no dia de meu aniversário recebo um presente de aniversário inusitado? Um pedaço de fita de papelão branco, com duas listas paralelas em azul. Tradução: o tal do Confirme confirmou! Segundo o laboratório Mix (fabricante do "Confirme"), eu, ou melhor, minha esposa, estava grávida!

Uau!! Estamos grávidos (como planejamos há tempo), podemos celebrar? Nada disso!! Ainda não entendeu? Não é pra isso que serve esse teste! Ao invés de demonstrar alegria por um resultado 94% (segundo a Mix) garantido, a cabeça de minha mulher foi invadida por um tsunami de "será que...", "e se...", "mas...", "ai, o que faço?", etc, etc.

Isso tudo me levou a pensar em mais uma sugestão de nome para o bendito teste: "Piredevez".

E agora? Médico para que te quero! Médicos... tantas vezes já desejei nunca mais precisar deles, mas nada como uma opinião técnica para tranquilizar nossos nervos inexperientes. Opinião técnica essa, temperada pelo uso (e abuso) da frieza peculiar à quem está acostumado com pacientes histéricos e hipocondríacos:

- Deixa de bobaggem, minha filha! É lógico que você tá grávida - falou o ginecologista ao telefone (!!!) para minha mulher.

E agora? Precisaremos de um "Reconfirme"?