O DEDO

Dia 25 de março de 2009

Hoje foi a segunda ecografia do “Bião”, aquela para diagnosticar a possibilidade de algum problema de formação e, talvez, o sexo do baby.

Grande apreensão.

A mamãe então? Tava tremendo de nervosismo!

Bem, indo direto ao ponto: o bebê nos passou a perna e não revelou se vou viver pensando que algum dia um guri safado vai acabar botando as mãos na minha princesa ou se o safado de meu guri vai botar as mãos nas princesas dos outros...

Bem, acabamos esquecendo esse “detalhe”, pois ficamos muito felizes em saber que sua evolução do baby está ótima e tudo vai às mil maravilhas!

Devido à minha elevada ignorância sobre o mundo fetal fiquei absolutamente pasmo ao saber (e ver na tela) que, com pouco mais de 12 semanas, meu filho está completamente formado, com todos os acessórios de fábrica no lugar, apenas crescendo, crescendo, crescendo... Crescendo até seus atuais 6 centímetros (!!!) de comprimento (sim, de comprimento, pois é esquisito falar em altura nas atuais coordenadas geográficas que ele se encontra...).

6 cm de comprimento. “Meus cumprimentos”, disse o médico. Está tudo ótimo, como a imagem da telinha não nega (é a cara do papai, não?)



Fim de tarde, dirigindo para casa, ainda custava acreditar que nosso herdeiro com apenas 6 cm, já tinha todo seu corpinho formado. De repente, logo na esquina, um filho da mãe (filho da puta! Esse blog não tem censura mesmo, então foda-se, porra!) me fechou e, por muito pouco, não atingi seu carro em cheio.

Como se isso não bastasse, o “fiodaputa” ainda se irritou com o sinal de luz alta que dei, na ilusão de que isso adiantaria alguma coisa, que faria ele reconhecer o erro e parar ao meu lado e falando:

- Perdão, sou um navalha babaca e dirijo ainda pior quando escuto “pagódi” no último volume do som meu carro, cujo financiamento ta atrasado 11 meses.

Ato reflexo: levantei a mão pra fora da janela e mostrei meu dedo médio estendido! (novamente achando que isso adiantaria alguma coisa).

Porém, uma súbita constatação interrompeu a continuidade dessa bonita troca de gentilezas e a matemática da vida me fez pensar:

“Se tenho 1,80 m e meu dedo médio (esse que acaba de ser acionado) tem cerca de 10 cm, o dedo médio de meu filho, com 06 cm de comprimento, tem 0,333 centímetros!”

Não seria uma gracinha ele ao meu lado, fazendo “igual ao papai” um sinalzinho de 3 milímetros de potencial ofensivo?

“Que bonitinho” diria a velhinha pedestre que observava a cena na esquina, ao invés do “que rapaz mais mal-educado”, comentário que provavelmente foi dito para o pai.

Meus cumprimentos...

Chegando, em casa, a mamãe já tinha diversas novidades pra contar.

- Só um pouquinho, me deixe tirar água do joelho– gritei, entrando em casa e correndo direto para o WC.

No banheiro, concentrado na minha missão de dominar a fera e acertar o alvo, voltei a pensar:

“Se tenho 1,80 m e meu p...”

Bem, deixa pra lá. Esse blog não tem censura, mas também não vamos exagerar!

Meus comprimentos...




CORRENDO, REFLETINDO E MIJANDO

Dia 15 de março de 2009

O “início do ano” e a necessidade de adaptação à minha nova rotina profissional (mudei o local de meu escritório) e estudantil me levaram a ficar alguns dias ausente do meu blog, mas, aqui estamos!

Aqui? Aqui onde?

Aqui exatamente em Belém do Pará, onde estou a trabalho. Devido à benção das empresas aéreas tive que me deslocar para cá no domingo cedo e resolvi aproveitar meu domingo de cuecas no quarto de hotel, ao “som” do ar condicionado, pondo em dia algumas tarefas profissionais e pessoais, como o blog.

Lógico que entre as poucas roupas que trouxe na mala para esses dois dias, não poderia deixar de fora meu tênis de corrida! Essa que é a grande vantagem desse esporte: pode ser praticado em qualquer lugar que tenha chão... E até agora não conheci nenhum que não o tivesse...

Fim de tarde, sol se pondo (como se adiantasse alguma coisa, pois o calor continuava infernal), lá fui eu, correndo feliz pelas ruas de Belém e, adivinhem? A cabecinha já começou a funcionar enquanto eu fazia meu city-tour.

Alongamento e saída do hotel: houve um tempo em que me declarava o tal do solteirão convicto! Casar? Pra que, se eu posso ficar solteiro pra sempre, sem ninguém pra me incomodar, pulando de galho em galho e macaca em macaca! Tem coisa melhor nesse mundo? Mordi a língua, pois descobri que tem...

Avenida do canal (pois o lugar de corrida é ao lado do canal): Quando conheci a Tati, passei a rever alguns valores e, entre eles, esse. Uma hora o encanto da solteirice acaba, a gente enche o saco de ficar sozinho, enche o saco da balada, do lance de beber até entortar, de correr atrás da mulherada e comer AuAu na madrugada (Opa! Rimou!). Uma hora na vida a gente quer é mais é ficar em um só galho, com a mesma macaca. Não conheço nenhum amigo que tenha escapado dessa regra e comigo não foi diferente: casei pouco mais de um ano após nos conheceremos.

Avenida das docas (rua paralela, de paralelepípedo, pra escapar do trânsito): Agora estou casadão, vida bacana, viagens, um barzinho aqui, jantarzinho ali, amizade com outros casaizinhos bacanas, programas de casais, filhos... Filhos? Ta doido? Nem a pau, Juvenal! Pra que estragar toda essa curtição com uma criança ranhenta e barulhenta? Confesso que nunca suportei crianças descontroladas e indomadas! Até mesmo já briguei com minha irmã por causa da perda de controle de seu filho... Mal sabia eu, na ocasião, que estava dando mais uma mordida na língua...

Mercado Ver-o-peso (ora de fazer meia volta pro hotel, já estou correndo há 25 minutos): Na viagem, toda criancinha que vi no aeroporto, avião e na cidade me chamou a atenção, me deixou fascinado, até mesmo aquelas descontroladas! Ao meu lado, no avião, havia uma menininha de uns 6-7 anos que era uma graça! Ajudei-a na tarefa de abrir a bandeja e ela respondeu toda educadinha e com ares de adulta: “muito obrigado”. A mesma educação não percebi no casalzinho da mesma faixa etária da poltrona de trás, cuja mãe tentava domar a todo custo, porém sem sucesso, resultando em choros, gritos e escândalos. Porém, ao contrário de outras vezes quando tive vontade de esganar a progenitora das matraquinhas, aceitei o fato e senti até certa dó das crianças e da mãe...

Avenida do canal (retorno): É, acontece. Crianças não são ciência exata, não são assim tão previsíveis e controláveis como eu um dia julguei. Por isso, aproveito a ocasião: Esa e Fê, me desculpem se custei para entender isso.

Chegando ao hotel, tomei um banho, relaxei, fiz um lanche no restaurante e, antes de dormir, resolvi tirar uma bela água do joelho. Nesse momento lembrei-me da minha mãe reclamando (quando morava com ela) que eu freqüentemente “errava a mira” e sujava o chão:

- Como que você pode fazer isso? É só mirar e acertar! Simples! – Dizia ela, sem saber que, assim como filhos, essa operação, no caso masculino, não é uma ciência exata, previsível e controlável. Volta-e-meia somos surpreendidos com um jato tardio que acaba por estragar a execução da operação, por mais que nos esforçamos para que o resultado seja o “mais limpo” possível.

“Nossa, preciso contar isso para minha mulher!” – pensei. Se tiver um filho homem, não quero que ele leve bronca pelos acasos de um pipi levado!

Me sinto cada dia mais animado para encarar a tarefa de ser pai. Estou aprendendo que nem tudo na vida é plenamente controlável e as crianças não são exceção. Embora tentemos fazer o melhor, nem tudo sempre acaba saindo conforme o planejado.

O chão do banheiro do hotel que o diga...

LIÇÃO DE MORAL



Segunda-feira, dia 01 de março de 2009

Acabou o carnaval, começou o ano.

Ela acordou reclamando que era uma grande crueldade mulheres grávidas terem que levantar tão cedo para trabalhar - como se gostasse de acordar cedo antes da gravidez... Aliás, quem gosta?

Cedinho, saímos para o primeiro dia de aula, cada um para um lado: eu, como aluno (primeiro dia do mestrado) e ela já no sétimo (ou oitavo?) ano como professora do curso de Direito.

Embora ela tenha se enrolado para sair da cama e se arrumado em 5 minutos (enquanto eu preparava sua vitamina matinal – nova moda saudável da mamãe!), saiu do quarto trajando um vestido preto maravilhosamente elegantérrimo e tão modernoso que eu na minha tosca masculinidade nem sei descrever como era, combinado com um belo salto alto, um conjunto de fazer qualquer lorde inglês perder a finesse.

“Meu Pai!”, pensei, “Obrigado por ser tão bom comigo!”

Falei pra ela... falei pra ela... opa! Não falei nada pra ela! Aí que veio o grande erro do dia... As mulheres precisam ouvir elogios constantemente, são movidas por elogios. Ainda por cima com um visual desses: até os postes de luz deveriam se curvar para referenciar sua passagem!

O fato é que, embora tenha engolido em seco e suado frio de ver ela ali, tão linda, maravilhosa, boazuda e poderosa, fiquei quieto e não disse nada.

Mané...

No fim da tarde, voltando pra casa, passei em frente a uma peixaria e resolvi parar. Comprei uns filés de linguado para grelhar e uns camarões, sem saber ao certo o que faria com eles.

Chegando em casa, comecei a procurar por receitas e mais receitas até que uma idéia caiu do céu: ceviche de camarões! Perfeito! Uma comida sofisticada, leve, azedinha (como a mamãe gosta) e eu tinha todos os ingredientes em casa. Todos não... Faltou a cebola, que pedi emprestada ao vizinho (fiquei de devolver em cerveja, mas até hoje to devendo...).

Bem, o lance é fácil :

· Esquente a frigideira e doure os camarões (uns 250 g) no azeite;

· Retire os camarões, ponha em uma vasilha, imerso no suco de quatro limões;

· Pique o menor que puder duas cebolas (pode ser do supermercado, mas o ideal é emprestada do vizinho na última hora..), dois tomates (verdes e sem sementes) e um dente de alho. Mas pique tudo bem muito pequeninho mesmo!

· Faça uma mistura desse picado com um pouco de molho de tomate e o suco de meia laranja;

· Misture com os camarões e um tanto de azeite, tempere com pimenta e sal, sirva em taças individuais, bem bacanas (veja a foto!) e volte pra geladeira (tem que servir gelado!).

Acabei no minuto que toca a campainha. Ela já entrou dizendo:

- Todo mundo na faculdade disse hoje que estou linda e elegante! Só você não reparou em mim!

Como disse anteriormente, foi o erro do dia ter ficado quieto.

Lição de moral:

Homens, não cometam esse erro, elogiem sempre suas mulheres, pois elas merecem: são lindas, maravilhosas, delicadas, perfeitas e ainda vão carregar o SEU FILHO dentro delas por meses (nove, eu acho...)!! Agora, se eventualmente esquecerem (acontece, né?), o Ceviche de Camarão descrito acima pode ser um belo “bouquet de flores” para fazê-las esquecer a omissão.

No meu caso, deu certo!