Dia 09 de agosto de 2009
Eu e minha grande boca. Destaquei em minhas últimas postagens a tranquilidade e ausência de neuras de minha esposa durante toda a sua gravidez, mas...
Nunca fale cedo demais.
Como diria Homer Simpson: “Esse não é o pior dia da sua vida! É o pior dia de sua vida, até agora”.
Esse dias, chegando em casa, fui dar um beijinho na Tati e ela deu dois passos para trás:
“Tire já essa roupa - calma, não é isso que vocês estão pensando - ponha lá fora e vá tomar um banho! Depois passe alcool gel nas mãos e no rosto e eu te beijo!”
Pois é! A neura da mamãe tem nome e sobrenome: gripe suína! Essa porcaria tinha que aparecer bem nesse momento?
Com as aulas suspensas por duas semanas, a mamãe não põe o nariz para fora de casa desde então. O medo é bastante justificável : dizem que as gestantes são muito mais suscetíveis às complicações do vírus! Muito bem, e eu? Eu tenho que trabalhar, né? Afinal, não posso ficar em casa recluso, pois (ainda) não tenho uma fortuna que me dê essa opção!
Na semana passada, a pedido de meu orientador do mestrado, iria proferir uma palestra em um seminário para cerca de 300 pessoas. A palestra era às 14h e exatamente às 11h do mesmo dia, quando estava reunido com meu sócio, recebi uma ligação da mamãe, desesperada, chorando, pedindo para eu não ir ao evento e não se expor ao risco.
“Tá louca? Dar o cano em um compromisso desses?” Pensei.
Desliguei o telefone sem saber ao certo o que fazer. Me senti, por alguns segundos, sem muita opção, entre a cruz e a espada.
Em poucos segundos, minha opinião foi da revolta total contra tamanha neurose à conformidade absoluta: diante da benção tão maravilhosa que recebemos em trazer uma criança ao mundo e faltando tão pouco para esse momento eu realmente deveria pensar primeiro na minha família! O resto teria que esperar!
Ok, talvez isso seja over-reaction, mas tudo bem! É válido, nem que seja apenas para deixar a mamãe tranquila e despreocupada!
Felizmente estou cercado de grandes pessoas que me ajudaram a sair desse pacau. Primeiro, meu sócio, que, diante da situação, prontamente se ofereceu para fazer a palestra em meu lugar. E foi. Segundo, meu orientador, que, ao contrário do que muitos poderiam imaginar, me deu total apoio:
- Marcelo, você está coberto de razão! Nesse momento deve pensar em seu filho, sua mulher e sua família! O resto é secundário!
Além dessa palestra, desmarquei também nessa semana uma reunião externa e uma aula que iria ministrar.
Tudo por conta dela. Ou melhor, dela e dele. Ou ainda melhor: de nós.
A partir de agora, até o fim dessa onda de notícias virulentas vou adotar um procedimento-padrão: pautarei meus compromissos pelo custo-benefício! “Quanto posso ganhar com isso?" “A quantas pessoas estarei exposto?” “Vale o risco?”.
Pode parecer radicalismo, mas não é! Me desculpem aqueles que não entenderem, mas uma mamãe despreocupada, feliz e sadia até o finzinho da gravidez não tem preço!
E para todas as outras coisas...
“A BABY IS GOD’S OPINION THAT THE WORLD SHOULD GO ON” (Carl Sandburg)